Autor: Zé Renato Rodrigues
Certo dia numa calçada bem ao lado de uma comunidade religiosa, pernoitava um andarilho de barbas compridas, cabelos longos e olhos entristecidos. Chegando para o culto, o líder religioso, com a bíblia na mão disse:
- Aceitaria alguma coisa para comer?
- Sim, respondeu o andarilho, estou com muita fome. O religioso foi até uma padaria próxima e voltou com um pão e um copo de leite. Não perdendo a oportunidade, disse ao andarilho:
- Mas vamos entrar na igreja para orar. Fui criado e batizado na doutrina e meu pai me ensinou desde pequenino, para ganharmos o reino do céu, temos que frequentarmos a igreja. Respondeu o andarilho:
- Obrigado pelo pão. O pai é maravilhoso e perfeito, o senhor precisa aprender mais. Meus ouvidos já cansados, não suportam tanto barulho. Vocês gritam muito! Aqui tão solitário na calçada, no silêncio faço minha meditação e os anjos cercam meu redor e minhas obras.
Assim foram semanas e semanas, sempre agradecendo ao receber os alimentos, porém, repetia a mesma frase: “o pai é perfeito e maravilhoso, o senhor precisa aprender mais”.
Um dia o líder religioso se cansou, indignado e com tons grotescos, desabafou:
- Não quer ir para igreja? Que morra de fome, não é meu irmão. Além do mais todos os dias afirma que meu pai é perfeito, mas eu preciso aprender mais, quem precisa aprender é você, lixo de rua! O andarilho suavemente indagou:
- O senhor conhece a palavra, mas não segue a verdade. Somos irmãos sim, portanto filho do mesmo pai, a quem estou me referindo que é perfeito. Sou seu irmão mais velho que há mais de 2000 anos passei pela terra. Preguei o caminho, a verdade e a vida. No entanto, o senhor como pastor, segue o caminho errado, ainda não aprendeu a caminhar no caminho do amor. Entretanto, ensina as ovelhas, que simplesmente frequentar uma igreja é o suficiente para ganhar o céu. Tem que praticar a caridade. Hoje me negaste o pão. Também se recusou em ser meu irmão.
O líder religioso ficou emudecido, mas nem que sua voz saísse não encontraria palavras. Em meio a uma coroa de flores, a calçada se estendia num riacho cercado de montanhas iluminadas, serenamente abria os braços, caminhando rumo ao religioso, no espaço desaparecia: "O HOMEM DE CABELOS LONGOS, BARBA COMPRIDA E OLHOS TRISTES".
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